10 de jul. de 2008

A alegria do ladrão de galinha (Luis Fernando Veríssimo)

Crônica de Luis Fernandio Veríssimo

Quem deve estar festejando a prisão do Daniel Dantas é o Ladrão de Galinha. Mesmo que o banqueiro já esteja solto, só o fato de vê-lo sendo levado pela polícia certamente encheu de alegria o coração do Ladrão de Galinha e o levou a gritar coisas como “Até que enfim!” dentro da sua cela superlotada, em algum lugar do território nacional. O Ladrão de Galinha é aquela figura sempre citada do folclore brasileiro quando se fala das desigualdades da nossa justiça, o cara que vai preso por um crime menor, sem apelos e recursos, enquanto crimes maiores ficam impunes, ou suspeitos de roubos maiores escapam da prisão.
O Ladrão de Galinha já tinha tido outros motivos para festejar, é verdade, desde que começou o novo ativismo da Polícia Federal, que de uns anos para cá tem prendido muita gente que ninguém esperava. Mas o Daniel Dantas é diferente. Nem interessa ao Ladrão de Galinha saber se o Daniel Dantas é culpado ou inocente do que é acusado. Para ele, Daniel Dantas é um símbolo. O Ladrão de Galinha se considera o anti-Daniel Dantas. É seu oposto em tudo. Seu crime é sempre claro e indiscutível: ele rouba galinhas. É flagrado e preso e pronto. Nada mais insofismável.
Já os “crimes” do Daniel Dantas, ou as suspeitas de crimes pelas quais ele agora foi preso, pertencem ao mundo crepuscular do empreendimento capitalista, onde as regras e os costumes, e a fronteira entre a falcatrua e o bom negócio, se diluem. Quer dizer, nada mais sofismável. Há anos que Daniel Dantas opera nesse lusco-fusco moral, e nem nas críticas que recebe pode-se definir o que seja inveja ou estratégia inimiga e o que seja indignação genuina. Por isso o extremo oposto a roubar galinhas não é o assassinato em série, ou outro crime tão enorme que absolva o Ladrão de Galinha pelo contraste. É o crime indefinido, o que impede o flagrante e dribla a justiça pela indefinição, ou compra a definição favorável.
O Ladrão de Galinha tem, portanto, todo o direito de achar que, se prenderam o Daniel Dantas, as coisas estão mesmo mudando. E de fazer planos profissionais para a próxima vez que for solto: se estão prendendo os daniéis dantas, talvez estejam aliviando o roubo de galinhas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Veríssimo - na realidade NADA VERO, pois manipula os dados, esquece de mencionar um fato capital sobre Dantas.

Como o ladão de galinhas é pego com a boca a botija, Dantas também foi - mandando dois comparsas comprar um delegado federal - SE DEIXANDO FILMAR, e passar o video no JN.

Naquele momento, os crimes entre a falcatrua e o bom negócio - dificilmente punidos - deixaram de ser o foco da questão.

Depois, como um ladão de galinhas, Dantas foi pego, por corrupção ativa EM FLAGRANTE delito, através de seus comparsas.

A diferença entre o ladão de galinhas comum - e o ladeão de galinhas Dantas, está nos subordinados da quadrilha.

O ladrão de galinhas comum, forma um bando de despreparados.

O ladrão de galinhas Dantas, tem funcionários e sequazes no STF.